4ªf, 24 Ag. 2011

À tarde

Cheguei do passeio de barco, dei um passeiozinho na praia, deitei-me na areia para recuperar do enjoo, regressei ao quarto e tomei um banho de água quente e deitei-me porque ainda sentia ligeiramente o balançar do barco. Adormeci e recuperei.
Fui almoçar caril de lulas (definitivamente já me sentia bem) no Fátima's place! Na realidade, o prato chamava-se caril de marisco, mas como só tinha lulas eu decidi chamar-lhe caril de lulas.
Depois de almoço fiquei a descansar e a apanhar sol na praia. Fui à vila e encontrei umas senhoras que tinham vindo comigo no chapa para o Tofo e ficámos à conversa.
Regressei, sentei-me na cadeira ao pé do quarto e fiquei a olhar a praia até o sol se pôr.

Tofo

Tofo

Tofo

Snorkeling no Tofo

4ªf, 24 Ag. 2011

Decidi ficar mais um dia no Tofo. É esta uma das vantagens de viajar sem plano definido. 
Hoje de manhã consegui acordar sem despertador apesar de o ter colocado. E porque é que o coloquei? Porque hoje foi dia de ir fazer snorkeling de manhã. Ainda houve tempo para tomar o pequeno-almoço com coisas que comprei ontem no mercado e dar um passeio e um mergulho na praia. 

Por volta das 10:30 cheguei ao centro de snorkeling ao lado do Dinos Bar.

Esplanada do centro de snorkeling.

A primeiro coisa a fazer foi arranjar umas barbatanas. Entretanto, reparei que os outros que também iam fazer snorkeling estavam a escolher fatos de mergulho... Perguntei se precisava de fato ao senhor que os estava a dar, tendo-me ele respondido que já tinha dito aos outros que não era necessário mas que tinham insistido! Eu respondi-lhe que assim ficava mais giro e ele riu-se! Tudo isto em português, tendo em conta que até agora apenas eu e os locais é que falamos português. 
Perguntam-me sempre se sou brasileira quando digo que falo português. Digo que não, que sou portuguesa de Portugal e não acreditam! Já é a terceira vez que dizem que, além de não parecer muito portuguesa, falo português muito bem (obrigada pelo elogio!), que se percebe muito bem e que como normalmente os portugueses falam muito rápido não conseguem perceber. De facto, eu tenho tentado usar palavras mais simples e dizê-las bem para que todos me consigam entender. 

Lá saímos nós da praia, a correr, a empurrar o barco contra as ondas! Todos a ajudar! Um momento marés vivas! Se bem que eu me senti mais a atrapalhar do que a ajudar e ia caindo no meio das ondas... De repente, o guia grita: "Senhoras!" e todas as senhoras tiveram de saltar para dentro do barco! E eu pensei: "Ai com esta é que ele já me lixou! Como é que eu agora salto para dentro do barco com ondas a baterem contra mim e com o barco já acima da minha cintura?" (a minha entrada no barco não foi triunfante, mas lá consegui e uma mãozinha que alguém esticou lá deu uma ajudinha)!
Quando já toda a gente estava dentro do barco, lá partimos no nosso safari aquático!

Passado muito pouco tempo, avistámos uma baleia. Chegámos um pouco mais perto e consegui tirar uma foto com a máquina à prova de água. Mas, ao fim de um tempo de estar ali a baloiçar devagarinho nas ondas, comecei a sentir um ligeiro enjoo... Pensei logo: "Epá, não pode ser. Controla lá isso, vá!". Concentrei-me no horizonte e quando o barco começou novamente a andar rápido respirei de alívio.
O nosso alvo era o tubarão baleia. E, passado pouco tempo, avistámos um! E perdemo-lo de vista novamente... Avançámos mais um pouco e eis que surge outro tubarão baleia! O guia gritou: "Mergulhem!" e nós, já com as barbatanas e máscaras postas, saltámos logo (eu literalmente atirei-me borda fora, qualquer tentativa de entrada triunfante ou delicada no mar foi por água a baixo!) e começámos a nadar na direcção do sítio onde tínhamos avistado o tubarão (quero acrescentar que este tubarão é vegetariano, só come o plânctonezinho que por ali anda na água). Nadei, nadei (e achei difícil nadar no meio do mar onde as ondas são maiores) e não conseguia vê-lo. 

Regressei ao barco e descobri que quase ninguém o tinha visto. Voltar a subir para o barco foi outra aventura! Enquanto o guia me puxava por um braço e dizia para eu dar às barbatanas, eu bem tentava com o meu outro barço içar-me lá para dentro e simultaneamente dar às barbatanas, com as ondas para cima e para baixo... Acabei por fazer uma entrada "triunfante", como se tivesse mergulhado para dentro do barco e, não sei muito bem como, mas acabei sentada mesmo no meio do barco! 
Enquanto esperávamos que todos entrassem, o enjoo voltou a dar sinais... Lá fixei o olhar e a mente no horizonte, pensei no barco a andar rápido e, quando partimos em busca de outro tubarão, tudo melhorou. 
Avistámos um segundo tubarão, quase de seguida. O guia voltou a gritar: "Mergulhem!". Lá fomos nós. Nadei, nadei em direcção ao tubarão enquanto pensava que não fazia ideia se o iria ver e, de repente, só vejo à minha frente uma grande cabeça de tubarão às bolinhas! Mesmo à minha frente! Ao tentar desviar-me perdi-o, porque as águas aqui no Tofo são turvas.

Tubarão baleia. Fotografia retirada de http://animals.nationalgeographic.com/animals/fish/whale-shark/

Regressei ao barco e, desta vez, o balançar devagarinho enquanto esperava que todos entrassem já não deu para aguentar. Lá foi o pequeno-almoço borda fora! Apesar de me sentir ligeiramente mais aliviada, a partir deste momento só queria que o barco andasse rápido. Não percebo o porquê deste enjoo porque nos Açores fui ver as baleias e correu tudo bem. Mas acho que este barco de borracha com motor era menos estável.
Ainda avistámos mais um tubarão baleia mas, desta vez, já não consegui mergulhar. Ainda pensei que se calhar podia ajudar, mas acabei por não experimentar porque depois ia precisar de fazer muita ginástica para conseguir entrar dentro do barco e não estava com muitas forças.
Apesar disto, gostei muito e tive a oportunidade de ver um tubarão baleia mesmo à minha frente!

Tofo

3ªf, 23 Ag. 2011

De regresso ao Tofo aproveitei e comprei umas bananas e uma garrafa de água no mercado. 

Mercado do Tofo

Mercado do Tofo

Mesmo em frente, junto à praia, estava a banca do Beach Boy. Reparei que o Beach Boy não estava lá e tentei entrar na praia sem que dessem por mim... Mas um amigo dele estava por ali e disse olá, e eu também disse, e perguntou se eu não queria ver as coisas... Eu lá disse que sim e perguntei pelo Beach Boy. Não havia sinais do Beach Boy, mas o rapaz disse que ia ver por onde ele andava. De repente, vejo que vem uma pessoa a correr, desde lá do fundo, na minha direcção... era o Beach Boy! 
Acabei por comprar duas malas de capulana - uma maior e outra mais pequena. Foi necessário negociar o preço, como sempre. E acho que, no final, ele não ficou muito satisfeito... Ele não tinha troco e disse que ia buscar. Apareceu então com uma bolsa pequenina de palha e disse que aquilo era o troco. Eu disse que só aceitava se fossem duas bolsas. Caso contrário, só levava uma das malas para não ser necessário o troco. Ao fim de algum tempo de negociação e porque, certamente, que as duas bolsinhas de palha valiam à mesma menos que o valor do troco, o Beach Boy lá acabou por aceitar!

Inhambane

3ªf, 23 Ag. 2011

Acordei sem despertador, finalmente! 
Arranjei-me nas calmas e fui até ao bar para ver o que tinham para o pequeno-almoço. Comi uma torrada e fruta (banana, manga e ananás) com iogurte. E, claro, um ricoffi!
Para chegar à vila do Tofo basta atravessar a praia. 

Tofo
Pelo caminho cruzei-me com o Beach Boy (foi assim que ele se apresentou)! Um vendedor que tentou fazer negócio e tive de lhe prometer que quando regressasse de Inhambane passava por ele. 
A viagem de chapa do Tofo até Inhambane custa 15 Mtn. Lá entrei no chapa, foram entrando mais pessoas e, no final, estávamos todos muito bem apertadinhos! 
Dei então uma volta por Inhambane, fui ao mercado (um dos sítios onde gosto sempre de ir) e almocei um caril de caranguejo no restaurante Maçaroca. O guia que eu tinha dizia que havia uma padaria que era uma maravilha. Das duas uma, ou fui à padaria errada, ou afinal já não é uma maravilha (prometeram-me pão fresquinho no guia e tive de pão do dia anterior ou mais...).

Mercado de Inhambane

Mercado de Inhambane

Mercado de Inhambane

Caril de caranguejo no Maçaroca.






Um chapa para o Tofo

2ªf, 22 Ag. 2011

Hoje a alvorada foi às 4h da manhã! Tinha de estar às 5h no Fátima's place, porque o chapa partia de lá. A Fátima tem um chapa que faz a viagem de Maputo ao Tofo (agora, passado um ano, já sei que a viagem me teria ficado muito mais barata se tivesse ido apanhar o chapa à Junta... Mas deixo isto para os próximos episódios).
O chapa partiu do Fátima's place por volta das 5:30 e ainda parámos num sítio, antes de sair de Maputo, para apanhar mais pessoas (agora, em 2012, sei que aquele sítio é a Junta - o local onde se apanham os chapas para os mais diversos locais). 
Depois de passarmos Xai-Xai, parámos numa bomba de gasolina e deu para esticar um bocadinho as pernas, tendo em conta que íamos bem apertadinhos! 
O chapa tem um condutor e o cobrador que, ao chegar a um sítio, abre a porta lateral e vai gritando, com o chapa em andamento: "Inhambane, Inhambane, Inhambane, eh, duas pessoas, Inhambane, Inhambane...". De cada vez que o chapa pára, aproximam-se umas quantas pessoas a vender refresco (refrigerantes), bananas, couves, cebolas, bolachas... Até calha bem, acabei por comprar um pacote de bolachas.
Tínhamos então acabado de sair de Xai-Xai, com direito a paragem, mas eu já quase não tinha posição para estar sentada!
À medida que nos íamos afastando de Maputo, comecei logo a notar a diferença na paisagem. Mais verde.
A caminho de Inhambane passámos por Quissico e, através da janela, consegui ver as lindíssimas (super azuis) lagoas de Quissico. Passámos também por Inharrime conseguindo ver uma praia lindíssima... O que me esperaria no Tofo?
Finalmente, a chegada a Inhambane! A minha mala andou desaparecida durante metade da viagem. Eu perguntei ao senhor do chapa se sabia do seu paradeiro, tendo ele respondido: "Lá para trás"... Bom, decidi manter-me calma porque, se ela tivesse desaparecido, também já não havia nada a fazer. Fiz bem em confiar no senhor, porque no final apareceu e vinha com tudo incluído.
Apanhei então o chapa para o Tofo, tendo chegado às 14:30 ao Fátima's place do Tofo.
Era para ficar num dormitório, mas acabei por ficar numa casinha com casa-de-banho. Calhou mesmo bem porque estava muito cansada e com uma dor de cabeça que ia aumentando. Assim atirei com tudo para dentro do quarto e não me preocupei mais com o assunto. 

Fátima's place no Tofo
Fátima's place no Tofo
Fui até ao bar e pedi uma sandes de atum e um Santal e fiquei a observar a praia. Depois de almoçar, fui então dar um passeio à beira mar.

Praia do Tofo
Praia do Tofo

Como estava muito cansada, porque há três noites que praticamente não dormia, dormi durante uma hora ao final da tarde. 
Ao jantar comi um caril de batata doce, coco e beringela no Fátima's place e estava bom!



Chapa 97

As viagens que se seguem até ao Tofo e Vilanculos, a partir de Maputo, foram feitas de chapa, tendo sido a primeira vez que andei de chapa! Uma das formas de viajar por Moçambique.



Namaacha - cascata

Domingo, 21 Ag. 2011

Hoje foi dia da visita à cascata da Namaacha. Tenho a dizer que não é algo que seja muito entusiasmante. Eu já ia, mais ou menos, à espera que fosse assim. Claro que também está relacionado com a altura do ano, porque quando chove a cascata parece muito maior! De qualquer maneira, foi bom conhecer a cascata da Namaacha.

Cascata da Namaacha

No caminho de regresso, parámos numa das inúmeras banquinhas de fruta e legumes que vão surgindo ao longo do caminho.


Os mercados ao longo da estrada.
Passei o resto da tarde em casa a descansar e a preparar a mala para o meu passeio de uma semana! Como tenho a próxima semana livre decidi organizar um passeio fora de Maputo. Estou desejosa de começar a minha viagem para conhecer mais um bocadinho de Moçambique.

A noite louca da Namaacha

Chegámos e ficámos no Palucha's place, um sítio muito simpático e com quartos simpáticos (embora, mais tarde, tenha descoberto que os lençóis afinal não cheiravam assim tão bem... mas talvez tenha sido por ser época baixa...). Parece que é um sítio óptimo no Verão porque tem um restaurante com esplanada e música e festa! Além disso, tem uma piscina que, apesar de verde agora, no Verão deve ser boa para combater o calor. 
Precisávamos de comprar fruta para fazer uma sangria, por isso, fomos dar uma volta. Uma senhora com um bebé às costas indicou-nos o caminho para o mercado. Passado um bocadinho foi-se embora, mas disse-nos para termos cuidado com as nossas coisas. No mercado, de facto, o ambiente já me pareceu diferente - as pessoas olhavam muito para as nossas coisas.
A Rita comprou fruta e umas cartas para jogarmos. As únicas cartas que existiam pelo mercado tinham fotografias de mulheres em biquíni e lingerie, mas lá foram! Algumas das modelos até já eram bem antigas!
Regressámos ao Palucha, a Rita preparou a sangria, que ficou óptima, e jogámos sueca até à hora de jantar.
Ao jantar voltei a comer peixe Serra, mas assado, e foi bem mais baratinho - apenas 160 Mtn e estava muito bom. 



As únicas cartas do mercado da Namaacha.

Fomos três, os que se aventuraram na noite louca da Namaacha! 

O primeiro destino foi o casino - o casino do Hotel Sol Libombos. Mas estava fechado! Fomos à recepção do hotel e disseram-nos que devia estar aberto até às 3h da manhã (eram 22h), no entanto, como não tinha aparecido ninguém tinham fechado mais cedo.
Como precisávamos de um plano B, perguntámos ao senhor da recepção se haveria por ali algum bar. 

Fomos então parar ao bar do Xavier, onde conseguimos sentir a verdadeira noite africana da Namaacha! Após uma ou outra dança, acabámos por decidir ir embora porque já só recebíamos propostas de casamento e de viagens românticas às praias da Zambézia!
Como ainda tínhamos esperança de dar mais um passinho de dança, fomos procurar outro sítio. 

Encontrámos apenas mais um que, por acaso, era mesmo perto do Palucha, e que tinha uma população masculina mais reduzida. Além disso, apesar da música de disco muito alta e de estar tudo a beber uns copos, estavam duas mães com os bebés às costas também em grandes danças. Aparentava um clima um pouco mais amenos, por isso decidimos ficar por ali.
Conhecemos uma família da Suazilândia: mãe, filho de 12 anos, cunhado... e descobrimos que estávamos alojados no mesmo sítio.
Ao longo da noite foram surgindo umas quantas propostas de passeio, casamento... Até haviam bons partidos! Um deles já tinha 3 cursos superiores: um de Engenharia Informática, o outro de qualquer coisa de contabilidade e do outro já nem me lembro! Ena, ena! E eu que ainda nem um acabei de tirar!

Passado umas horinhas, pensámos que estava na altura de regressar. Entrámos no carro e este decide não pegar! Mas, houve logo quem ajudasse a pôr o motor a funcionar e lá regressámos.  

"A Namíbia no Meu Destino", Gonçalo Cadilhe

Estava eu ontem a ler o livro "Um lugar dentro de nós" do Gonçalo Cadilhe, quando chego ao capítulo "A Namíbia no meu destino" com frases que correspondem exactamente àquilo que eu senti na Namíbia e, lembrei-me, que foi assim que este blog começou - com a minha viagem à Namíbia. 
Após a interrupção do blog por um ano (acho que a preguiça foi um dos motivos, embora não o queira admitir), vou agora continuar o relato da minha viagem por Moçambique em 2011 juntando ainda Moçambique 2012.
Ficam aqui as frases do Gonçalo Cadilhe sobre a Namíbia:

"Enquanto houver a Namíbia para ser viajada, nenhum homem se sentirá um estranho no Universo."

"As horas passam e a paisagem é sempre a mesma, mas não te parece teres jamais visto nada assim. Cada vez que olhas para fora da janela do autocarro sentes que acabas de chegar, que nunca estiveste aqui."

"Tudo muda para que tudo fique na mesma, mas és tu quem nunca mais será o mesmo. A Namíbia move-te, só ela sabe onde te há-de levar. O destino dentro de ti é uma incógnita, mas tu deixas-te ir porque foi para isso que vieste. Para seres mudado."

"Essa minha primeira vez na Namíbia foi uma obra-prima de improviso e revelação."