Um chapa para o Tofo

2ªf, 22 Ag. 2011

Hoje a alvorada foi às 4h da manhã! Tinha de estar às 5h no Fátima's place, porque o chapa partia de lá. A Fátima tem um chapa que faz a viagem de Maputo ao Tofo (agora, passado um ano, já sei que a viagem me teria ficado muito mais barata se tivesse ido apanhar o chapa à Junta... Mas deixo isto para os próximos episódios).
O chapa partiu do Fátima's place por volta das 5:30 e ainda parámos num sítio, antes de sair de Maputo, para apanhar mais pessoas (agora, em 2012, sei que aquele sítio é a Junta - o local onde se apanham os chapas para os mais diversos locais). 
Depois de passarmos Xai-Xai, parámos numa bomba de gasolina e deu para esticar um bocadinho as pernas, tendo em conta que íamos bem apertadinhos! 
O chapa tem um condutor e o cobrador que, ao chegar a um sítio, abre a porta lateral e vai gritando, com o chapa em andamento: "Inhambane, Inhambane, Inhambane, eh, duas pessoas, Inhambane, Inhambane...". De cada vez que o chapa pára, aproximam-se umas quantas pessoas a vender refresco (refrigerantes), bananas, couves, cebolas, bolachas... Até calha bem, acabei por comprar um pacote de bolachas.
Tínhamos então acabado de sair de Xai-Xai, com direito a paragem, mas eu já quase não tinha posição para estar sentada!
À medida que nos íamos afastando de Maputo, comecei logo a notar a diferença na paisagem. Mais verde.
A caminho de Inhambane passámos por Quissico e, através da janela, consegui ver as lindíssimas (super azuis) lagoas de Quissico. Passámos também por Inharrime conseguindo ver uma praia lindíssima... O que me esperaria no Tofo?
Finalmente, a chegada a Inhambane! A minha mala andou desaparecida durante metade da viagem. Eu perguntei ao senhor do chapa se sabia do seu paradeiro, tendo ele respondido: "Lá para trás"... Bom, decidi manter-me calma porque, se ela tivesse desaparecido, também já não havia nada a fazer. Fiz bem em confiar no senhor, porque no final apareceu e vinha com tudo incluído.
Apanhei então o chapa para o Tofo, tendo chegado às 14:30 ao Fátima's place do Tofo.
Era para ficar num dormitório, mas acabei por ficar numa casinha com casa-de-banho. Calhou mesmo bem porque estava muito cansada e com uma dor de cabeça que ia aumentando. Assim atirei com tudo para dentro do quarto e não me preocupei mais com o assunto. 

Fátima's place no Tofo
Fátima's place no Tofo
Fui até ao bar e pedi uma sandes de atum e um Santal e fiquei a observar a praia. Depois de almoçar, fui então dar um passeio à beira mar.

Praia do Tofo
Praia do Tofo

Como estava muito cansada, porque há três noites que praticamente não dormia, dormi durante uma hora ao final da tarde. 
Ao jantar comi um caril de batata doce, coco e beringela no Fátima's place e estava bom!



Chapa 97

As viagens que se seguem até ao Tofo e Vilanculos, a partir de Maputo, foram feitas de chapa, tendo sido a primeira vez que andei de chapa! Uma das formas de viajar por Moçambique.



Namaacha - cascata

Domingo, 21 Ag. 2011

Hoje foi dia da visita à cascata da Namaacha. Tenho a dizer que não é algo que seja muito entusiasmante. Eu já ia, mais ou menos, à espera que fosse assim. Claro que também está relacionado com a altura do ano, porque quando chove a cascata parece muito maior! De qualquer maneira, foi bom conhecer a cascata da Namaacha.

Cascata da Namaacha

No caminho de regresso, parámos numa das inúmeras banquinhas de fruta e legumes que vão surgindo ao longo do caminho.


Os mercados ao longo da estrada.
Passei o resto da tarde em casa a descansar e a preparar a mala para o meu passeio de uma semana! Como tenho a próxima semana livre decidi organizar um passeio fora de Maputo. Estou desejosa de começar a minha viagem para conhecer mais um bocadinho de Moçambique.

A noite louca da Namaacha

Chegámos e ficámos no Palucha's place, um sítio muito simpático e com quartos simpáticos (embora, mais tarde, tenha descoberto que os lençóis afinal não cheiravam assim tão bem... mas talvez tenha sido por ser época baixa...). Parece que é um sítio óptimo no Verão porque tem um restaurante com esplanada e música e festa! Além disso, tem uma piscina que, apesar de verde agora, no Verão deve ser boa para combater o calor. 
Precisávamos de comprar fruta para fazer uma sangria, por isso, fomos dar uma volta. Uma senhora com um bebé às costas indicou-nos o caminho para o mercado. Passado um bocadinho foi-se embora, mas disse-nos para termos cuidado com as nossas coisas. No mercado, de facto, o ambiente já me pareceu diferente - as pessoas olhavam muito para as nossas coisas.
A Rita comprou fruta e umas cartas para jogarmos. As únicas cartas que existiam pelo mercado tinham fotografias de mulheres em biquíni e lingerie, mas lá foram! Algumas das modelos até já eram bem antigas!
Regressámos ao Palucha, a Rita preparou a sangria, que ficou óptima, e jogámos sueca até à hora de jantar.
Ao jantar voltei a comer peixe Serra, mas assado, e foi bem mais baratinho - apenas 160 Mtn e estava muito bom. 



As únicas cartas do mercado da Namaacha.

Fomos três, os que se aventuraram na noite louca da Namaacha! 

O primeiro destino foi o casino - o casino do Hotel Sol Libombos. Mas estava fechado! Fomos à recepção do hotel e disseram-nos que devia estar aberto até às 3h da manhã (eram 22h), no entanto, como não tinha aparecido ninguém tinham fechado mais cedo.
Como precisávamos de um plano B, perguntámos ao senhor da recepção se haveria por ali algum bar. 

Fomos então parar ao bar do Xavier, onde conseguimos sentir a verdadeira noite africana da Namaacha! Após uma ou outra dança, acabámos por decidir ir embora porque já só recebíamos propostas de casamento e de viagens românticas às praias da Zambézia!
Como ainda tínhamos esperança de dar mais um passinho de dança, fomos procurar outro sítio. 

Encontrámos apenas mais um que, por acaso, era mesmo perto do Palucha, e que tinha uma população masculina mais reduzida. Além disso, apesar da música de disco muito alta e de estar tudo a beber uns copos, estavam duas mães com os bebés às costas também em grandes danças. Aparentava um clima um pouco mais amenos, por isso decidimos ficar por ali.
Conhecemos uma família da Suazilândia: mãe, filho de 12 anos, cunhado... e descobrimos que estávamos alojados no mesmo sítio.
Ao longo da noite foram surgindo umas quantas propostas de passeio, casamento... Até haviam bons partidos! Um deles já tinha 3 cursos superiores: um de Engenharia Informática, o outro de qualquer coisa de contabilidade e do outro já nem me lembro! Ena, ena! E eu que ainda nem um acabei de tirar!

Passado umas horinhas, pensámos que estava na altura de regressar. Entrámos no carro e este decide não pegar! Mas, houve logo quem ajudasse a pôr o motor a funcionar e lá regressámos.  

"A Namíbia no Meu Destino", Gonçalo Cadilhe

Estava eu ontem a ler o livro "Um lugar dentro de nós" do Gonçalo Cadilhe, quando chego ao capítulo "A Namíbia no meu destino" com frases que correspondem exactamente àquilo que eu senti na Namíbia e, lembrei-me, que foi assim que este blog começou - com a minha viagem à Namíbia. 
Após a interrupção do blog por um ano (acho que a preguiça foi um dos motivos, embora não o queira admitir), vou agora continuar o relato da minha viagem por Moçambique em 2011 juntando ainda Moçambique 2012.
Ficam aqui as frases do Gonçalo Cadilhe sobre a Namíbia:

"Enquanto houver a Namíbia para ser viajada, nenhum homem se sentirá um estranho no Universo."

"As horas passam e a paisagem é sempre a mesma, mas não te parece teres jamais visto nada assim. Cada vez que olhas para fora da janela do autocarro sentes que acabas de chegar, que nunca estiveste aqui."

"Tudo muda para que tudo fique na mesma, mas és tu quem nunca mais será o mesmo. A Namíbia move-te, só ela sabe onde te há-de levar. O destino dentro de ti é uma incógnita, mas tu deixas-te ir porque foi para isso que vieste. Para seres mudado."

"Essa minha primeira vez na Namíbia foi uma obra-prima de improviso e revelação."