Em Vilanculos - Bazaruto - era uma vez um barco a motor - Vilanculos
Depois do pequeno-almoço, fomos ao Dolphin Dhow para averiguar a possibilidade de um passeio até Bazaruto. Conhecemos um casal de americanos que também estava interessado nessa viagem e lá conseguimos negociar uma ida a Bazaruto com passagem pelo Two-Mile Reef para fazer snorkeling.
A caminho do recife, fizemos uma paragem em Benguera. Penso que os americanos ainda não lá tinham estado.
Entretanto, um dos guias veio ter comigo e pediu-me para lhe dar 500 meticais porque tinha de comprar peixe. Bem, eu acho que por uns momentos limitei-me a olhar para ele e não fui capaz de dizer nada. Por esta é que eu não esperava! Lá lhe disse que se calhar não tinha tanto... mas acabei por lhe dar a nota. Ele estava ali connosco, no meio de ilhas, não tinha para onde ir... não nos podia abandonar (esperava eu)... se calhar não lhe tinham dado dinheiro suficiente para o nosso almoço... sim, ainda pensei que podia ser o nosso almoço que estaria em questão ou que tinha visto peixe jeitoso para o almoço...
Continuámos a viagem, novamente no barquinho azul com motor, e fomos até ao recife. Vi imensos peixes de várias formas e feitios, corais de várias cores, algas, rochas, os sortudos dos americanos até viram uma tartaruga, e tirei uma foto com os óculos e o respiradouro colocados e a fazer um fixe com o dedo! Já vi fotos assim algures.
Foi bonito sim, mas eu comecei a ficar com frio logo após ter mergulhado. Por isso, acabei por ir para o barco. Subi ao mesmo tempo que a rapariga do Texas e a probabilidade de termos trocado as nossas máquinas fotográficas descartáveis iguais é bastante elevada! Quando chegar a Portugal e revelar o rolo, logo vejo se nas fotos aparece uma rapariga de traços orientais ou se é o meu "fixe".
Seguimos para Bazaruto, mas ficámos de um lado da ilha onde apenas se vê uma grande duna. Entretanto, tive de ficar ao sol (se bem que, não havia uma única sombra) para secar a T-shirt porque decidi mergulhar de T-shirt.
Tendo em conta o que vi de Bazaruto (apenas a grande duna), penso que o mais interessante para mim foi o que o guia disse: dentro da ilha existem lagoas com crocodilos! E como é que eles foram lá parar? Será que ficaram lá presos quando a ilha se formou? Será que, em tempos idos, um ou outro foi lá parar e começou a constituir família?
O segundo guia foi preparando o almoço e, após almoçar, decidi ir dar uma volta junto ao barco. Reparo que todo o peixe que o guia comprou ainda lá está. Bem, afinal não era para nós... Pois!
Entretanto, tinha começado a levantar-se vento e a intensidade estava a aumentar. Às 14h já havia muito vento e já eu pensava que se calhar era bom dar à soleta antes que piorasse... Passado uma hora, o guia anunciou que tínhamos de ir andando porque o vento ia aumentar. Os americanos ainda queriam ficar mais tempo afirmando que tínhamos pago a viagem até ao final da tarde. E eu pensava: "O quê? Mas será que não vêem que está muito vento? Que se estão a formar ondas e que o nosso barquinho de madeira "de certeza" que é super estável?". Confrontado com tais factos, o guia disse que ainda podíamos fazer uma paragem de um outro lado de Benguera.
O prometido é devido, logo parámos em Benguera e os americanos foram banhar-se no mar todos satisfeitos apesar da ventania que estava. Entretive-me a ver búzios que estavam a ser arrastados pelas ondas para a margem.
Passado um pouco, os guias começam a chamar por nós dizendo que temos mesmo de ir. Já eu, os guias e a rapariga do Texas estávamos a postos, e os americanos passeiam-se calmamente ao longo da praia sem pressas para chegar ao barco.
Lá fomos nós, rumo a Vilanculos, e o barquinho a enfrentar as ondas que iam aumentando à medida que nos afastávamos da ilha. Enquanto que um dos guias controlava o motor, o outro ia tirando taças de água de dentro do barco. E nós, os passageiros, agarrados ao barco e já completamente encharcados pelas ondas. Fomos andando, andando, no sobe e desce das ondas e, por cada sobe e desce, levávamos com um banhinho de água salgada.
Entretanto, o barco começa a andar mais devagar, o motor apresenta sinais de fraqueza, e paramos... Enquanto, balançávamos nas ondas, o guia foi puxando pelo motor e aquilo lá pegou!
Retomámos viagem, os banhos de água salgada, e fomos andando sempre com Vilanculos à nossa frente.
O motor soluça e paramos novamente! Os guias bem puxam por ele e nada! Entretanto, o outro guia retoma a sua tarefa de ir retirando a água do interior do barco. Como estava vento e tínhamos as roupas molhadas (eu tiritava de frio), os americanos sugeriram ficarmos só em fato-de-banho. De facto ajudou, ter as roupas molhadas em cima da pele e com vento é que não é nada bom.
Entretanto, olhamos para o guia responsável pelo motor e reparamos que este banhava algumas peças pequenas, como parafusos, nas águas agitadas. O motor já se encontrava separado em várias partes!
Achamos que é capaz de não ser boa ideia ele fazer isso, pois caso perdesse uma peça não havia forma de achá-la. Olhamos à nossa volta e vimos que estamos mesmo entre a margem segura de Vilanculos e uma ilha. O problema, é que a distância ainda era muito grande para ir a nado. Perante esta situação, a nossa reacção foi, surpreendentemente, começar a rir!
Após cerca de 20 minutos parados no meio do mar, o motor dá sinais de vida e o saldo das peças é positivo! Tudo a postos, o guia anuncia que vamos retomar viagem, mas que vamos sempre em frente e depois, junto à margem, é que contornamos Vilanculos. Pareceu-me boa ideia. Assim se o barco se virasse, já podia ir a nado!
Acabou por ser mais exigente, do ponto de vista físico, dar a volta a Vilanculos perto da margem porque estávamos perto da zona de rebentação das ondas e o barco ia, literalmente, aos saltinhos. Mas, já não me importei muito. Não estar parada no meio do mar sem saber se o barco ia pegar, era uma sensação agradável!
Finalmente, chegámos ao local de paragem! Tivemos de sair com a água a dar-nos pelos joelhos. Saiu a rapariga do Texas, depois eu e a outra americana, que decidiu passar-nos as nossas malas, que tinham ficado guardadas numa caixa para não apanharem água. Estavam sequinhas.
Eu juro que tive a sensação de que algo não ia correr bem, mas fui incapaz de reagir. Não sei porquê. Terá sido cansaço? Fiquei a olhar e a pensar que algo se ia passar. Só vejo a americana desequilibrar-se, cair, e as nossas malas em risco de se afundarem. A rapariga do Texas ainda conseguiu agarrar numa parte da sua mala. Metade da minha mala já estava dentro de água. Eu, feita madre Teresa de Calcutá, só me lembrei de segurar no braço da americana para a ajudar a sair da água. A rapariga do Texas ainda salvou a minha mala, embora já estivesse toda molhada!
Resultado: o meu telemóvel perdeu o som e as duas máquinas fotográficas foram à vida (mantenho a esperança de que os cartões de memória se tenham salvo)! Perder aparelhos causa prejuízo na conta bancária; perder fotos causa-me um prejuízo enorme no coração.
Felizmente, ainda me lembrei de pedir os 500 meticais ao guia. Tinha as roupas todas molhadas e estava cheia de frio, mas não saí dali enquanto não me deu o dinheiro e, ainda bem que o contei, porque faltavam 100 meticais.
No meio da pacatez de Vilanculos, regressámos ao backpackers, eu e a rapariga do Texas, a tiritar de frio, desejosas para contar a nossa empolgante aventura para que alguém nos desse apoio moral, que calha sempre bem nestas situações.
Entretanto, um dos guias veio ter comigo e pediu-me para lhe dar 500 meticais porque tinha de comprar peixe. Bem, eu acho que por uns momentos limitei-me a olhar para ele e não fui capaz de dizer nada. Por esta é que eu não esperava! Lá lhe disse que se calhar não tinha tanto... mas acabei por lhe dar a nota. Ele estava ali connosco, no meio de ilhas, não tinha para onde ir... não nos podia abandonar (esperava eu)... se calhar não lhe tinham dado dinheiro suficiente para o nosso almoço... sim, ainda pensei que podia ser o nosso almoço que estaria em questão ou que tinha visto peixe jeitoso para o almoço...
Continuámos a viagem, novamente no barquinho azul com motor, e fomos até ao recife. Vi imensos peixes de várias formas e feitios, corais de várias cores, algas, rochas, os sortudos dos americanos até viram uma tartaruga, e tirei uma foto com os óculos e o respiradouro colocados e a fazer um fixe com o dedo! Já vi fotos assim algures.
Foi bonito sim, mas eu comecei a ficar com frio logo após ter mergulhado. Por isso, acabei por ir para o barco. Subi ao mesmo tempo que a rapariga do Texas e a probabilidade de termos trocado as nossas máquinas fotográficas descartáveis iguais é bastante elevada! Quando chegar a Portugal e revelar o rolo, logo vejo se nas fotos aparece uma rapariga de traços orientais ou se é o meu "fixe".
Seguimos para Bazaruto, mas ficámos de um lado da ilha onde apenas se vê uma grande duna. Entretanto, tive de ficar ao sol (se bem que, não havia uma única sombra) para secar a T-shirt porque decidi mergulhar de T-shirt.
Tendo em conta o que vi de Bazaruto (apenas a grande duna), penso que o mais interessante para mim foi o que o guia disse: dentro da ilha existem lagoas com crocodilos! E como é que eles foram lá parar? Será que ficaram lá presos quando a ilha se formou? Será que, em tempos idos, um ou outro foi lá parar e começou a constituir família?
Bazaruto |
Entretanto, tinha começado a levantar-se vento e a intensidade estava a aumentar. Às 14h já havia muito vento e já eu pensava que se calhar era bom dar à soleta antes que piorasse... Passado uma hora, o guia anunciou que tínhamos de ir andando porque o vento ia aumentar. Os americanos ainda queriam ficar mais tempo afirmando que tínhamos pago a viagem até ao final da tarde. E eu pensava: "O quê? Mas será que não vêem que está muito vento? Que se estão a formar ondas e que o nosso barquinho de madeira "de certeza" que é super estável?". Confrontado com tais factos, o guia disse que ainda podíamos fazer uma paragem de um outro lado de Benguera.
O prometido é devido, logo parámos em Benguera e os americanos foram banhar-se no mar todos satisfeitos apesar da ventania que estava. Entretive-me a ver búzios que estavam a ser arrastados pelas ondas para a margem.
Passado um pouco, os guias começam a chamar por nós dizendo que temos mesmo de ir. Já eu, os guias e a rapariga do Texas estávamos a postos, e os americanos passeiam-se calmamente ao longo da praia sem pressas para chegar ao barco.
Lá fomos nós, rumo a Vilanculos, e o barquinho a enfrentar as ondas que iam aumentando à medida que nos afastávamos da ilha. Enquanto que um dos guias controlava o motor, o outro ia tirando taças de água de dentro do barco. E nós, os passageiros, agarrados ao barco e já completamente encharcados pelas ondas. Fomos andando, andando, no sobe e desce das ondas e, por cada sobe e desce, levávamos com um banhinho de água salgada.
Entretanto, o barco começa a andar mais devagar, o motor apresenta sinais de fraqueza, e paramos... Enquanto, balançávamos nas ondas, o guia foi puxando pelo motor e aquilo lá pegou!
Retomámos viagem, os banhos de água salgada, e fomos andando sempre com Vilanculos à nossa frente.
O motor soluça e paramos novamente! Os guias bem puxam por ele e nada! Entretanto, o outro guia retoma a sua tarefa de ir retirando a água do interior do barco. Como estava vento e tínhamos as roupas molhadas (eu tiritava de frio), os americanos sugeriram ficarmos só em fato-de-banho. De facto ajudou, ter as roupas molhadas em cima da pele e com vento é que não é nada bom.
Entretanto, olhamos para o guia responsável pelo motor e reparamos que este banhava algumas peças pequenas, como parafusos, nas águas agitadas. O motor já se encontrava separado em várias partes!
Achamos que é capaz de não ser boa ideia ele fazer isso, pois caso perdesse uma peça não havia forma de achá-la. Olhamos à nossa volta e vimos que estamos mesmo entre a margem segura de Vilanculos e uma ilha. O problema, é que a distância ainda era muito grande para ir a nado. Perante esta situação, a nossa reacção foi, surpreendentemente, começar a rir!
Após cerca de 20 minutos parados no meio do mar, o motor dá sinais de vida e o saldo das peças é positivo! Tudo a postos, o guia anuncia que vamos retomar viagem, mas que vamos sempre em frente e depois, junto à margem, é que contornamos Vilanculos. Pareceu-me boa ideia. Assim se o barco se virasse, já podia ir a nado!
Acabou por ser mais exigente, do ponto de vista físico, dar a volta a Vilanculos perto da margem porque estávamos perto da zona de rebentação das ondas e o barco ia, literalmente, aos saltinhos. Mas, já não me importei muito. Não estar parada no meio do mar sem saber se o barco ia pegar, era uma sensação agradável!
Finalmente, chegámos ao local de paragem! Tivemos de sair com a água a dar-nos pelos joelhos. Saiu a rapariga do Texas, depois eu e a outra americana, que decidiu passar-nos as nossas malas, que tinham ficado guardadas numa caixa para não apanharem água. Estavam sequinhas.
Eu juro que tive a sensação de que algo não ia correr bem, mas fui incapaz de reagir. Não sei porquê. Terá sido cansaço? Fiquei a olhar e a pensar que algo se ia passar. Só vejo a americana desequilibrar-se, cair, e as nossas malas em risco de se afundarem. A rapariga do Texas ainda conseguiu agarrar numa parte da sua mala. Metade da minha mala já estava dentro de água. Eu, feita madre Teresa de Calcutá, só me lembrei de segurar no braço da americana para a ajudar a sair da água. A rapariga do Texas ainda salvou a minha mala, embora já estivesse toda molhada!
Resultado: o meu telemóvel perdeu o som e as duas máquinas fotográficas foram à vida (mantenho a esperança de que os cartões de memória se tenham salvo)! Perder aparelhos causa prejuízo na conta bancária; perder fotos causa-me um prejuízo enorme no coração.
Felizmente, ainda me lembrei de pedir os 500 meticais ao guia. Tinha as roupas todas molhadas e estava cheia de frio, mas não saí dali enquanto não me deu o dinheiro e, ainda bem que o contei, porque faltavam 100 meticais.
No meio da pacatez de Vilanculos, regressámos ao backpackers, eu e a rapariga do Texas, a tiritar de frio, desejosas para contar a nossa empolgante aventura para que alguém nos desse apoio moral, que calha sempre bem nestas situações.
Oi Leonor, grande aventura e eu que não estava lá pra ti ajudar nas ondas grandes!
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